terça-feira, 24 de agosto de 2010

A poesia de Ana Regina Soares Ribeiro no Peperoncini


Meu Deus! Quando nos damos conta de que só faltava crença em nossa cultura para mostrarmos, já nos primeiros passos, que, com ela, poderemos ir longe, vemos com gosto amargo de perda a quantidade de tempo passado. Pois esta cidade poderia, nesse quesito, estar muito à frente.
Mas como a hora é sempre certa, a bandeira, em favor da mulher, levantada por Ana, dá à literatura desta uma causa, uma verdade, uma catapulta, cuja função e arremessar autora e obra nos patamares das imprescindibilidades sociais. O alto nível é garantido pela mescla de talento e bagagem cultural; o equilíbrio entre a clara fé e os espinhos das históricas verdades religiosas, da craque poetisa, faz-nos privilegiados, pois o ângulo de visão que  nos abre, a respeito de, é o que podemos, entre tantos outros ótimos adjetivos, chamar de transgressor.


ABRIL REVISITADO
Em matéria da mais legítima fé
Foi feita a argamassa
Da qual se ergueu o majestoso templo
De mais de 200 anos
Traduzido em grossas e seculares paredes
Plantadas em forma de cruz,
Fazendo permanecer
Nos corações de todas as gerações
O sonho e o ideal
De Lucca e Cambiasca.

Assim é a nossa Igreja Matriz:
Não apenas um monumento,
Mas a paisagem viva e presente
Do mais puro e cotidiano
Sentimento fidelense
Eternizado em afrescos e vitrais.

História e histórias se confundem
E nas tardes dos sábados que jamais voltarão
Um alarido de crianças e andorinhas
Estará para sempre pousado no seu adro
E também nas nossas memórias.



Junto das minhas lembranças,
Sinto até hoje o pavor do inferno
Com sua horrenda Serpente de Sete Cabeças
A ameaçar aqueles que - como eu -
Jamais traziam a lição do Catecismo de cor.
E, a essa altura da vida, como me valer
Da proteção eficaz do cântico abafado dos benditos
E dos anjos pálidos que
Voejam solenes sob a imponente abóbada?

(Mesmo assim,
Como cheira a incenso essa saudade que não passa!!!)


ÁLBUM DE FAMÍLIA

Surpreendentemente
Tia-avó:
Daqui a pouco
Me pegarão de jeito
O reumatismo
A insônia
A incontinência urinária
E as manias quizilentas
Da terceira idade

Ou terei sido apenas
Uma tia-avó a tempo e à hora?
Que privilégio ter a jovialidade
E o mesmo destino e missão
Que foram designados
Singularmente para aquelas almas
Que se deram o luxo
De serem investidas dessa vantagem
Mormente concedida às freiras
E depois às damas crepusculares
Que, olhando a vida gasta
De suas janelas empoeiradas,
Desfrutam do alívio egoísta
Somente sentido pelos seres
Que foram libertados pela solidão

Tia-avó!
Para isso nasci!
Para isso vim ao mundo!
Ser um pouco de tudo
Ou, de tudo, esse quase-nada
Imprescindível e necessário
Tia-avó:
Muito mais que uma característica outonal
De repente ensinou-me o tempo
Possuir essa capacidade
Esse dom – condição inevitável
Das mulheres que sempre serão esquecidas
Mas que nem por isso
Deixarão de amar
Com um amor sempiterno e descomunal
Dinastias e mais dinastias
De filhos dos outros
Sem no entanto exigirem em troca
O lugar de destaque
No álbum da família


QUO VADIS
A uma hora dessas, por onde andará a coragem de José Saramargo, esse varão assinalado, órfão convicto de Pai, Filho e Espírito Santo?
- Nem à Direita do Onipotente, nem no Quinto dos Infernos, nem na Península Ibérica, nem no mais alto dos Olimpos, nem no Purgatório, nem no Limbo, pois ficou sem lugar para se esconder na última hora.
Ora, pois: eis que a alma incrédula de José Saramargo não está penando e nem vagando por aí, se acha devidamente morta e sepultada (como ele mesmo queria), e, por certo, se recusará a ressuscitar ao terceiro dia. No máximo, atravessará o Atlântico e pousará em alguma página esquecida e amarelada na estante do Real Gabinete Português, para disputar a atenção de algum estudante de Letras ou a cobiça desenfreada das traças famintas.
Por ter-se autolibertado de todos os pecados, culpas, castigos e perdões, José Saramargo também não merecerá a misericórdia solidária e nem a paciente devoção dos negros véus das idosas carpideiras de Trás os Montes e da região do Alto Douro em sua inabalável fé pela volta de Dom Sebastião.
A uma hora dessas, aonde é que foram parar o cinismo, o talento e a dignidade de José Saramargo?
De que lhe adiantou o privilégio de bastar-se a si próprio, desdenhar das esperanças cômodas e se queimar no fogo eterno das transgressões? (Agora, que tudo é pó, é cinza, é nada).
De que lhe adiantou não ter sido covarde e ter escolhido a solidão, menosprezando a prática e confortável companhia de deuses, luciferes, demiurgos, ovnis, manipanços e fogos fátuos?
De que lhe adiantou ter escrito o seu caminho a próprio punho, descoberto todos os segredos proibidos e zombado da crença de uma outra vida?
De que lhe adiantou o estoicismo de sempre ter sido minoria, se os efeitos-placebo e as indulgências plenárias continuarão sendo empurrados goela abaixo da abominável unanimidade dos homens comuns?
De que adiantou, enfim, ao senhor José Saramargo, se imolar pela humanidade, se, nós, os mortais, partícipes da Grande Farsa da Mediocridade, ainda nos trocamos pelo cotidiano previsível das 30 moedas de alívio produzido pelas decências obrigatórias?

A incrédula (e heroica) alma de José Saramargo
Teve sua morte decretada no ano de 2010 da era cristã
E apenas jaz na vala comum do goglee
Como qualquer outro pobre coitado do século 21.
(Nem todas as gerações o chamarão de bem-aventurado por isso)
E como ele mesmo pediu:
Que Deu também não o tenha!
E ponto final.

São Fidélis, 10/07/10

DIA DAS MÃES

Sim. Sou muito mais que um corpo.
E sendo mais que tudo isso,
Sou uma alma feminina em plenitude
(Matriz/Motriz
Verdadeira essência do gênero humano)
Que se recusou a ser usada.
Certamente hoje não serei comemorada
Porque simplesmente
Desdenhei da nobre missão
De garantir o sustento da perpetuidade
E de todos os beneplácitos atribuídos
Às fêmeas da espécie.

Por pura preguiça
(ou mesmo por raiva),
Me dei o direito de seguir o exemplo
Das belas árvores secas
- estéreis por opção -
Que jamais serão exigidas
Em suas obrigações de estado
E demais privilégios sucessórios.
Além do fruto,
Além do ventre,
Bendita seja essa minha recusa
Ao dever de ofício
De amamentar posteridades,
Despindo-me completamente
Da vantagem de ser confundida
Num 2º domingo de maio qualquer
Com um mero objeto de decoração.

IN ILLO TEMPORE

Recado à filhas das filhas
Das Filhas de Maria
E a quantas mais gerações
Que possam vir se estagnar
No obsoleto da posteridade:
Sei que duvidam
Que um dia elas existiram
- naquela época ainda não se falava
Em sentimentos fertilizados in vitro
Ou emoções traduzidas por código de barras –
Elas existiram sim
Elas existiram assim
Anjos travestidos de mulheres
(todas irretocáveis em seu costume de fustão
Manga três quartos engomado em branco sem fim
Até o tornozelo: absurdamente insuportável
Para esse calorão de São Fidélis!)

Mas (creiam-me!)
Elas existiram
Elas existem,
Aquelas vestais
Sacerdotisas etéreas
Venceram a vida e a morte
E muito mais que reminiscências
Ainda insistem no meu hoje
Com o frescor repetido
Do eterno que sempre se renova
Contraditoriamente
Através do co irrecuperável
Desse cantochão que tem o ritmo
Lento e contínuo
A me revelar a permanência e o insondável
Das surpresas já vividas

Bem que tentei.
(Que vontade de acompanhá-las
Nos cortejos festivos
Dos primeiros domingos:
Zilá, Bebezinha, Dona Nadir Assis,
Chica, Carminha, Dona Jove, Darcy, Penha e outras tantas...)
Porém, meus passos jamais conseguiram alcançá-las
E elas se foram. Todas elas.
Solenemente em procissão definitiva se foram.

Partiram para sempre
As guardiãs do templo
E do tempo/daquele tempo
Que restará intacto e presente
No interminável e absoluto
Dessa minha história de abandono e resignação.
E eu, personagem inútil e obscura,
Tornei-me um elo de impossibilidade,
Sou o que soçobrou desse mergulho confuso e inevitável
No mar desbotado do azul
Dessa velha fita de cetim
Que ainda guardo na gaveta
E no coração.


NOIVAS

Primeiro vem um buquê para todas elas:
Esse troféu cobiçado.

Flor-de-laranjeira
Branca que branca
Salpicada na cabeça.

Depois, marcha nupcial,
Vestido de renda francesa legítima,
Seda pura farfalhando em passamanarias,
Padre, sermão,
Alianças de ouro maciço
E querubins barrocos.

Um bolo de três andares,
Valsa, presentes, flores, champanhe
E uma lua-de-mel bem melosa.

Pronto:
O que mais falta para o enterro?



PLÁGIO OU PARÁFRASE?
Cultuados ao longo da história, assim os mais célebres e respeitáveis machos da humanidade
trataram as suas mulheres:
Adão, num rompante de covardia, colocou toda a culpa em Eva.
Abraão reduziu Sara à efêmera condição de um ventre estéril.
O Rei Davi, traindo a sua esposa, utilizou-se do seu poder de governante
para surrupiar a mulher do próprio amigo.
Salomão – um galináceo assumido – só se preocupava
em tornar infinita a sua propriedade de tesouros e vaginas.
Ulisses sumiu pelos sete mares e deixou Penélope por vinte anos a ver navios.
Freud enlouqueceu Anna, que acabou por perder a paciência
a cada paciente experimentada pelo famoso psicanalista.
Charles foi réu-confesso da bulimia e da depressão de Diana.
John Kennedy suicidou Marilyn Monroe.
Clinton, no auge no cinismo, expôs Hillary a notório e público vexame.
JK soube usufruir, com a elegância dos oportunistas,
tanto do prestígio da família de Dona Sara
quanto da beleza das jovens e descartáveis amantes que teve.
Já Getúlio preferia curvas e pernas de vedetes
à integridade e à retidão de caráter de Dona Darcy.
Dom Pedro I aliviava as suas crises de priapismo em imperatrizes,
domitilas e tantos quantos orifícios triangulares lhe aparecessem.
Prestes se prestou a papel miserável de entregar Olga aos nazistas.
Rodin usurpou o talento e infernizou a vida de Camille Caudel.
Oswald de Andrade não foi fiel nem a Tarsila e nem a Pagu.
Woody Allen, de maneira leviana e acintosa, desonrou o lar de Mia Farow.

Meninos, varões, mancebos, rapazes, senhores, anciãos
e demais seres pertencentes à raça masculina,
sinto muito por não lhes poder dizer:
“Mirem-se no exemplo”.
( CANTAR A MÚSICA “MULHERES DE ATENAS”)


DE-MENTIRINHA

Quem será mesmo o Terceiro?
- Igual ao Primeiro.

Eu quero mais é me levantar sozinha
Quando caio ou vou ao chão
Eu não sou feito Teresa
Enfeitada em laço e fita
Esperando em laço e fita
Os seus cavalheiros acudirem
Todos três de chapéu na mão

Quem será mesmo o Terceiro?
- Igual ao Segundo.

Não tenho medo de cair de novo
Eu não sou feito Teresa
Casada e cansada
E que agora só serve
Para fazer a limpeza
Da sua bela casa portuguesa
E que tão enfeita
Às vezes a cama e sempre a mesa

Quem será mesmo o Terceiro?
- O Terceiro foi aquele que a Teresa deu a mão.

(Mas, a quem, na verdade, ela deu seu coração?)


DOIS DE NOVEMBRO

O tempo amanheceu abafado
(Como em todos os anos)
Neste 2 de Novembro.
E, mais uma vez,
Será voz corrente na cidade
A profecia de que
“Todo Finados chove”.

Em direção à Rua da Igualdade
Sigo em companhia
Dos demais sobreviventes
Da raça terráquea
Para os preparativos
Do ritual vigente
Das exéquias e flores
Que evocam a ancestralidade
E todos os sentimentos passadiços

Requiem aeternam
Donna eis Domine
Et lux perpetua
Luceat eis

Devo dizer ainda
Que esse gesto anual
E quase mecânico
De limpar túmulos e lágrimas
Fez-me acostumar às perdas e pedras:
Sinto a rigidez das tristezinhas assumidas e anestesiadas
(Como um incômodo natural e passageiro)
Além do cheiro forte característico
De velas e vidas que se gastam
A diluirem-se no vapor
Emanado pela quentura das lápides
E pela certeza da finitude humana

Nesse momento insisto
Em me perguntar sem susto e sem drama
Se serei a próxima
A hospedar-se em definitivo
Na quadra 16, número 1017
Do endereço da última residência
Da família Soares Ribeiro
E me basta a consolação
De saber que mesmo depois de mim
Continuará sempre amanhecendo abafado
(Como em todos os anos)
O 2 de Novembro



IN-DEFINIÇÃO


Sim.
Eu sou Ana, a Bolena,
Madalena que não se arrependeu.
sou Crécy e Bovary,
Lucrécia, Maria Louca
e Santa Teresa D’Ávila.

E quanto mais me insisto,
acho-me espalhada e espelhada
em bordeis e abadias,
mercados e confessionários,
inferninhos e procissões.

Por séculos e mais séculos
vários varões vieram
arrancaram minhas roupas
sem no entanto descobrirem-me.
Fizeram-me ainda calar a boca,
pisaram na minha goela,
rasparam minha cabeça e meu cio
e me queimaram viva.

Alguns se casaram comigo,
outros se cansaram apenas.
Uns dormiram no meu colo,
muitos na minha cama.
Também fui virgem por decreto e mandamento,
embora tenha parido para a humanidade
todos os seus herdeiros e primogênitos.

Sou a femme fatale
que descalça e vestida em negro
usa cilício e reza as Matinas,
seduz querubins
e vomita sangue e sexo coagulados.

Sou a vestal do templo,
véu roxo de sacrário,
guardada a sete chaves,
amante de suseranos e marinheiros,
a mente das esposas caladas.

Sou a parte, sou o todo,
sou inteira e interina,
sou eterna e esquecida,
sou total e dividida,
sou dívida e pagamento,
sou dúvida e discernimento,
sou todas ou nenhuma,
morte, vida ou Severina,
céu, inferno ou limbo,
monja ou messalina:
E nas horas vagas de mim
busco a mulher que não me deixaram ser.



INVERSOS

Não serei o poeta de uma cidade caduca.
Não cantarei o Paraíba.
Não sonetarei padroeiros.
Nem irei mais às missas.
E em abril não farei roupa nova.
E tampouco sairei de casa
Para passear na praça.

Não farei as coisas necessárias
E previsíveis.
Não ensaiarei repetições.
E quando me procurarem
Estarei erma e solitária,
Mas estarei também atenta
À realidade morta e dolorida
De minha terra.
Por isso é bom dizer desde já
Que não me esperem.

(Quem me fará beber água de cicuta por isso?



LADAINHA


Mamãe faz a história da casa.
Mamãe faz a história da rua.
Mamãe faz a história do bairro e da cidade,
a história da país e do mundo
e não se dá por isso.

Mamãe pensa que é a responsável apenas
pela história da cozinha de nossas vidas
que continua sem parar bem amanhã de manhã
no barulho quase apagado
dos talheres se esparramando pela gaveta,
seguido de cheiro seco de café,
que penetra em nossa memória para sempre.

Mamãe constrói uma história destruída,
feita de muitas mulheres,
de outras mães vindouras e passadas,
que amamentam filhos
e uma luta silenciosa.

Eu digo à mamãe que ela é mais
que uma parideira,
mas elas fica quieta...


Mamãe – Nossa Senhora das Prendas Domésticas –
prende meus cabelos
e os seus desejos mais profundos.
Está na hora do almoço,
e antes, varreremos a casa.
As decisões fazem volume
embaixo do tapete.

Eu digo à mamãe que ela tem desejos,
mas ela me faz calar...

Mamãe fica tecendo em casa
enquanto papai se diverte
com as Calipsos lá fora.
Eu lhe pergunto quem é também o seu Ulisses
e ela me diz que não tem esse direito,
pois é obrigada a ser direita.

Mamãe abre o oratório:
a cera derretida das velas ainda vive...
As santas estão pálidas e virgens como sempre,
os santos dão do pau oco.
E as todas mulheres do mundo dizem amém por isso.
Amém nós todas.

Mamãe me ensina a lavar,
passar, casar,
cozinhar em banho- maria os ideais,
procriar sem gozar,
e a chorar tão-somente
quando corto cebolas.

Mas eu não fico pronta
como tantas que se vê
e fujo porta dos fundos afora.

Lá tem uma jaula imensa
e algumas fêmeas dentro dela:
umas estão quietas em sua condição de submissas
e se contentam com a ração diária,
outras estão enfurecidas e machucadas,
mas querem viver.
Então vejo que não estou só
e pulo todos os muros que encontro.


DE PROFUNDIS

Sem que me desse conta,
mataram a casuarina
do fundo do quintal

No fundo de mim,
quanta coisa já morreu
sem que me desse conta...



POEMA DO MEU AMOR

Meu amor não merece
Um verso,
Uma linha que seja
E muito menos a agulha.

Meu amor não deverá rimar
Com dor
Ou calor de beijos roubados
E nem com o menor sabor
(Que choror imenso!)

Meu amor não terá o mesmo,
O próprio de amor
Ou do amor-próprio
Dos namorados no portão.
Mas, amordaçado.

Meu amor permanecerá do intacto
Ao não-vivido,
Enquanto lá fora
Gatos perseguem beija-flores
E eu desisto de ser poeta.

Nem uma missa de réquiem,
Nem uma florzinha cinzenta que fosse,
Nem túmulo em memória
Ou história a ser contada
Da morte do meu amor.

Será apenas este segredo:
Meu amor é apenas um fantasma
Que perambula
Nas ruas da cidade.



UM POEMA E DUAS HISTÓRIAS


Feito náusea etílica
Aquilo que um dia chamei de amor
Curou-se tão logo aparecesse o sol
Anunciando um novo dia
(Não necessitando sequer de nenhuma espécie de covalescência
E nem de levar em consideração
As complicações hepáticas e emocionais
Advindas das histórias pregressas)

Assim pude eu
Pela primeira vez
Declarar assumida o efeito bulímico causado exclusivamente
Por esse vinho de péssima qualidade que foi você:
Tudo isso veio comprovar
Mais uma vez
Não só a importância de sempre se ter em mão
Um plano B
Como também reforçar
A tradicional e utilizadíssima
Filosofia dos bêbados inveterados
De que não existe nada na vida
Que um bom banho gelado
E um gole de café amargo
Não possam dar jeito

E a quem possa interessar
Ainda comunico em alto e bom som
Que estou muito bem obrigada
E (claro!) pronta para tomar um novo porre
Porque existem inúmeros vinhos de safras diferentes


Um comentário:

  1. Oi!
    Gostei da disposição das fotos.
    De quem são as poesias?
    Agora que é blogueiro passa no Filha do Vento.
    Beijos
    Cláu

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