segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Maestro, compositor, poeta e trovador José Maria Mangia (Bahia) - no Massa&Cia


          A poesia está em alta na cidade poema.  O maestro e poeta José Maria Mangia  (Bahia) acaba de lançar,“Meus Ra-biscos”, composto por trovas e poemas. Também por este motivo, foi com ele o “AO VIVO!” desta edição. Aconteceu no Massa&Cia, no dia   30 de junho deste, através da parceria  Saudável entre a Sala de Ensaio e representantes do comércio fidelense. Poetas como Pedro Emílio, Ana Regina, Ronaldo Barcelos, Berenice Seixas, Quézia Lins, Maria Lúcia Fernandes, Ângela Pires que também cantou acompanhada  do irmão Miltoerley, iluminaram ainda mais a noite do Bahia, com declamações e debates. Nossa, como cultura faz bem! Massa&Cia - Sabemos que ainda não lançou oficialmente o seu livro “Meus Rabiscos”, seria uma imensa honra para a Sala de Ensaio e o Massa&Cia fazê-lo nesta oportunidade, o que acha?
Bahia - A honra é toda minha, por isso, assim então será feito.
(Nesse momento iniciou-se a noite de autógrafos)
Massa&Cia -Como se sente vendo seus trabalhos organizados e impressos em formato de livro, quer dizer, pronto para o acesso das pessoas?
Bahia - É bom demais, apesar de não ser o meu primeiro livro, pois  escrevi uma novena que, impressa por responsabilidade da igreja, trouxe-me, pela primeira vez, esta sensação inexplicável. Agora, está acontecendo de novo. Lançar um livro vai ser sempre lançar um livro.
Pedro Emílio – Eu tenho essa novena.
Ana Regina – Eu também! Inclusive, é escrita em linguagem culta e de forma correta, que é o mais difícil, nos dias de hoje.
Massa&Cia -Do maestro Bahia, como todos conhecemos, surge o poeta. A música sobrepujava a poesia ou a poesia é realmente nova?
Bahia - A minha produção de poesia não é nova, porém, como maestro eu aparecia mais. Agora, como estou meio que aposentado da música, chegou a vez das trovas e dos poemas.
Massa&Cia -Trovas, estilo, para muitos, considerado o bicho papão das construções literárias; há um motivo especial para cuja escolha?
Bahia - Primeiramente o gosto, depois a importância da preservação desses estilos pouco exercitados na atualidade. Meu professor Antônio Roberto dizia que todo trovador é poeta, porém, nem todo poeta é trovador.
Creio que devido as limitações exigidas pelo formato, dificulte a construção, já que toda mensagem da trova  tem que caber em apenas quatro versos rimados entre si (primeiro com terceiro e segundo com o quarto) e  metrificados em sete sílabas tônicas, cada.
(Bahia disse isso em resposta à Professora e Poetisa Ana Regina que confessou não conseguir trovejar, embora veja a trova como um formato literário atualíssimo, devido ao período de “urgências” que o mundo atravessa e pela brevidade que o estilo reza, tal como pede a presente era dos computadores. Sobre o que, o Ronaldo Barcelos disse que sabe de tudo isso, mas as grandes poesias trouxeram até nós jovens de vinte poucos anos como Castro Alves e Noel Rosa)
Massa&Cia -Ventilou-se, certa vez, que você ministraria um curso sobre tais estilos, através da Academia Fidelense de Letras é verdade?
Bahia - É verdade. Ainda estamos amadurecendo a idéia.
(Os presentes escolheram do livro ‘Meus Rabiscos”, trovas e poemas e leram em homenagem ao autor. Destacamos o  poema “ Saudoso Bar Sete” escolhido pelo confrade Pedro Emílio, para ilustrar o belo momento)
Que Saudade do Bar Sete
nos meus tempo de  pivete!
O doce caldo de cana
no fim de cada semana.
Veio o tempo de rapaz...
A cerveja? Lá por traz.
E  assim se passaram os anos
amores e desenganos.
Era ponto dos encontros
e também dos desencontros.
Foi o tempo dos licores,
dos encontros com os amores...
O vinho de jenipapo
animando sempre o papo.
No tempo de Virgulino
que ao tomar outro destino,
lhe deram o nome de América,
só por questão de  genérica.
Hoje, velho bar de outrora
quem nesta cidade mora,
ficou  triste com sua  morte.
“Tornou-se o ponto da sorte!”
Massa&Cia -Fale um pouco da Academia que preside.
Bahia - Antes, quero aproveitar para convidar a todos para um Café Literário em homenagem ao Silmar Barcelos Pontes, o dia 14 de Julho, no Anfiteatro da Biblioteca Municipal Corina Peixoto, quer será realizado por nossa Academia.
É importante dizer sobre a referida instituição, que a compõem trinta e dois membros, que apenas uns dez é que pegam firme, mas nem por isso  ela deixa de ter a firmeza de cumprir os seus propósitos. Uma outra coisa é que continuamos sem sede, embora haja uma promessa do atual prefeito em conseguir uma sala para nós. Estamos esperando.
Massa&Cia -A entrevista com o Gustavo aguçou ainda mais minha curiosidade, qual é a responsabilidade de um maestro?
Bahia - Um velho professor de música me disse que a maior delas é  não atrapalhar a orquestra.
Brincadeiras a parte, o maestro  responsável não só pelo bom andamento musical mas também pela expressão e motiva da música. Ele tem que ser capaz de promover essa transformação.
Massa&Cia -Como se torna um maestro?
Bahia - Bom, primeiro vem o talen-to para tal, depois o estudo. Eu comecei a estudar música em  52, com o m°  Sebastião Pontes: artinha, solfejo... Depois ele veio a falecer e veio o Fidélis Telles. Aprendi a tocar bombardino, o mesmo instrumento dele. Em 64 fui para Niterói. Lá compus por   10 anos a Banda Sinfônica Portuguesa – mº Alves Pita, formado na Europa,  aprendi muito com ele, sobretudo os clássicos.  Depois, fiz conservatório em Niterói... Eu não  perdia um curso de música. Entre os quais, o de  regência para coral com Maria Ernani Aguiar, onde fui avaliada pelo Maestro Gerra Peixe (Pai); regência de orquestra e harmonia e banda como o mº Sérgio Dias.
Fiz o concurso para músico da PM, eu entraria como sargento. No  naipe, passei em primeiro lugar, no geral em quarto. Mesmo assim tinha que fazer o arrochado curso de música da polícia.  Após trinta anos integrando aquela banda, me tornei maestro da mesma.                                                                                                                                                                                                                                                                   
Massa&Cia -Fale um pouco das suas composições.
Bahia - Olha, eu compus mais ou menos umas cinqüenta músicas; dobrados uns dez.  Há também valsas, sertaneja, temas para piano, arranjos para bandas e orquestras e coisas que nem me lembro mais. Entre os hinos estão o do TG 3  e o em prol dos duzentos anos da Matriz de  São Fidélis.
Massa&Cia -Preferências musicais: estilo, época, compositor...?
Bahia - Embora tenha preferência pelas clássicas, eu ouço de tudo, o samba, o choro que é uma música genuinamente brasileira, a chamada mpb... Minha única objeção é que tenha música na composição, o que hoje não  é muito exigido por alguns estilos.
Miltoerley – No caso do Funk, a maioria deles não seguem afinação.
Ronaldo Barcelos – Não considero isso uma música, mas sim uma agressão incabível.
Ana Regina – Outros estilos de músicas como o funk também tiveram dificuldades para se estabelecerem como arte e depois viraram patrimônio nacional, o samba é um deles.  Quero dizer que essa aversão a um tipo de música já aconteceu outras vezes. A música funkeira é produzida por pessoas que recebem lixo, então é muito entendível, que eles o reproduzam em suas manifestações artísticas. Mas nem todo funk é assim, fui a um baile um dia desses e não fui chamada de cachorra e sim de princesa.
(Ronaldo replicou reafirmando sua posição. É, porém, uma discussão a  ser decidida pelo leitor).
Massa&Cia -Fale um pouco sobre aquela orquestra, à qual levou e elevou o nome de São Fidélis por muitos lugares.
Bahia - Quando voltei a morar em São Fidélis, o então presidente da Associação musical 22 de Outubro, Pedro Mariano, me chamou para regê-la. Aceitando, dei a ela um estilo de orquestra. Daí, ganhamos vários primeiros lugares em concursos promovidos  pelo Ministério da Cultura e  Secretaria de Estado de Cultura, pelo Brasil
Foi a época de ouro da 22, que tinha músicos como o Delinho, Pedroca, Célio, Luiz Paulo, João Branco, Ìndio, Jairinho, Timóteo e outros igualmente importantes.
Depois, fundei a Filarmônica Fidelense, em 86. Onde também recrutei muitos músicos, ensinei e ganhamos também muitos prêmios.

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