segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A nova poesia fidelense, brota com força.

NÃO HÁ MAIS TEMPO

 Não há mais tempo
De brincar com o sereno
De com os tolos fazer coro
Sorrir disfarçando o choro
Bebi do meu próprio veneno.

Não há mais tempo
Nem de um sonho pequeno
Tal qual vadiar na praça
Engasgar-se com uma cachaça
Bebi do meu próprio veneno.

Não há mais tempo
Nem mesmo de um simples aceno
E esta vontade louca
Morrer colado em sua boca
Que é o meu próprio veneno.


                                     Carlinhos Pastor



INSANIDADE COMPULSÓRIA

Lamento no pátio
frio e sombrio
estilhaçam a madrugada!

Gargalhadas, gritos aflitos.
Palavrório, cantoria.
-Inferno !
Engolem a manhã lúcida.

Convivem no pátio
harmônicas loucuras
estritamente convencionadas.
( Oh! Mórbido silêncio !)

Que vós sentis afinal
estátuas de pedra
atônitas, paralíticas?

Junto ao muro alto e branco
freme, geme, torce, contorce
a copa da amendoeira descabelada...

Na mesa, triste e muda,
a flor pendida na jarra...
( Oh! Mórbido silêncio ! )

                                              Pedro Emílio JR. jan/2009



ENQUANTO O VIA LONGE

Enquanto o via longe,
tentava me aproximar;
assim, bem de mansinho,
para não te assustar.
E cada vez que me aproximava,
sentia-o feito água
escorrendo entre os dedos,
fugindo de minhas mãos.
Então, eu molhava meu rosto
e tentava de novo,
atendendo ao coração
que gritava, que urrava,
implorando por socorro.
Só queria que meus olhos
buscassem vê-lo de novo;
que meu corpo arrepiasse
com o toque de suas mãos;
que meu sangue borbulhasse
com um beijo de paixão.
Mas você estava longe,
longe do meu mundo,
longe da minha vida,
fiquei perdida...
E tentando me encontrar
esbarrei em você:
tão fácil, tão perto,
tão alcançável, pensei,
chegou a minha vez.
Vi você se aproximando...
E parecia tão frágil,
vulnerável, carente,
bem ali na minha frente.
E eu que tinha todo aquele amor,
que há tanto guardava,
de repente, suspirava
com uma ponta de esperança.
Ressurgia feito fênix.
Renascia! Que ironia!
Você vem se aproximando
e eu temente, recuando,
não sei se por medo de novamente sofrer
ou de ser feliz de novo.
É tudo tão confuso...
Sinto-me uma borboleta rondando o próprio casulo.
Não consigo partir,
mas não me deixa ficar;
e agora que o vejo perto,
meu mundo fica deserto,
nunca pôde me amar.
      
                                        Patrícia Jamayka

MEU AR

Meu Ar se perdeu
Quando meus olhos
em sua direção, em chamas se ardeu
Meu Ar se perdeu
Quando minha boca
na tua, por sede bebeu

Falte-me Ar
E não volte
Mate-me sem Ar em teus braços
Mas não me deixe sem o teu cais
Ares fatais

Meu cálido coração
Torna-se cálice em teus abraços
“Envolvam-se amantes corpos
Sem procurar razão alguma”
Disse o Amor
“Não durma”.

                                Matheus Gaudard Lopes


RETICÊNCIAS

Na vida que se consome percebo que,
Em toda a ação e reação,
Esse teatro não tem solução.
Tento abrir os olhos, mas estou cego.
Tento ouvir, porém não tenho audição.
Esse teatro de papéis invertidos,
Que por ventura deveria ser divertido,
É de plena solidão e desgosto.
No mundo, se está sozinho!
Na vida não há mais sentido!
Poucos se deliciam em banquetes...
E muitos outros para fazer este banquete.
Por mais que se busque a plenitude do ser,
O materialismo será sempre a certeza que posso ter
Para um viver,
Outros mil devem morrer!
Será que o humano está nos planos?
Ou será que a humanidade vai se esvaindo
Através da dor e do engano?

                                    Carlos Willian Raposo

POR AMAR, POR VIVER

As lágrimas que saem dos sonhos 
e escorrem até o peito causando uma dor imensa.
Que não consegues dimensionar.
Hoje vejo prazer em quem faz isso.
Distante do mundo, o cansaço não gera sono, palavras tão pesadas, a TV não tem graça.
Dispenso elogios, renego cumprimentos, perco novamente a esperança.
Nada é capaz de convir ou insinuar a melhora.
Essa tempestade não passa.
O sono não chega.
Só me lembro de dois dias atrás, magia, necessidade, amor, não sei.
Agora seu tempo não serve pra mim.
Amanhã fujo do mundo o mais cedo possível, só pra tentar não passar por isso de novo.
A freqüência disso me corrói.
É esse o preço que pago por respirar.

                                                          Thiago Shappoka


 










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